Inclusão entre irmãos


Relacionamento harmonioso dentro de casa ajuda no desenvolvimento da criança com necessidades especiais. Pais apostam no diálogo para garantir apoio dosfilhos sem deficiência e aceitação da criança no âmbito familiar

Lucas Mota / lucasmota@opovo.com.br

Foi por meio do diálogo que os pais do Artur, 6 anos, uma criança com autismo, conseguiram o apoio dos outros filhos, Bernardo, 8, e Ícaro, 20. O pequeno Artur recebeu o diagnóstico do distúrbio neurológico quando tinha dois anos, em 2012. Desde então, a inclusão dentro de casa e no âmbito familiar foi tratada como prioridade pelos pais, a odontóloga Virgínia de Castro Oliveira, 39, e o empresário Tácito Pereira Almeida, 41 anos. A aceitação do filho mais velho, Ícaro,foi imediata. Entretanto, a mãe precisou conversar e explicar com paciência a condição especial do caçula para o filho do meio, que não entendia o motivo de o irmão não querer brincar nem interagir.

“Ele (Bernardo) já cresceu com essa consciência e hoje é um defensor. Em qualquer lugar, ele explica que vai demorar mais para o irmão aprender, mas que é só ter consciência. Muitas vezes, me senti culpada porque dava mais atenção ao Artur, mas o próprio Bernardo já entende (a situação). ‘Mamãe, nem precisa se justificar. Eu sei que ele precisa de mais atenção’, me disse uma vez o Bernardo quando conversamos sobre o assunto”, conta Virgínia.

A relação harmoniosa entre os irmãos é fundamental para o desenvolvimento do pequeno Artur. Além disso, Virgínia destaca a aceitação da criança no círculo de familiares e amigos. “Eu acho que o objetivo de todo ser humano é ser aceito como ele é. Você quer ser quem você é e, quando não consegue aceitação nem dentro de casa, fica difícil. Tenho certeza de que a maneira como enfrentei a questão da aceitação contaminou todas as pessoas da família e amigos. Isso afetou diretamente na vida do Artur, que é aceito dentro de casa e em outros ambientes. Nunca o privei de ir a canto nenhum”.

Em vez da superproteção, Virgínia tenta trabalhar a autonomia do Artur na medida em que a condição do filho permite. “Se eu fosse proteger demais, ele não ia aprender. Estamos sempre incentivando. Ele tinha pânico de aniversário de criança, mas, em vez de não levá-lo por causa disso, a gente levava para ele se acostumar e aprender. Hoje, o Artur adora festa de aniversário, não quer ir embora”, garante.

Já o casal formado pelo jornalista Adilson Nóbrega, 38, e a contadora Karla Nóbrega Alves, 36, teve o pequeno João em janeiro deste ano. Com menos de um mês de vida, a criança recebeu o diagnóstico de síndrome de Down. O primeiro desafio dos pais também foi explicar para a filha Karen, 6 anos, a condição do irmãozinho. Para o pai, a aceitação da filha será fundamental para o desenvolvimento social do João. “Fomos explicando para ela que, pela condição dele, ele vai demorar mais para sentar, andar ou estudar, mas que, na verdade, é preciso ter atenção e carinho. Ela já sabe que o irmão é uma criança especial que precisa de carinho. Acho que essa atenção dela por ele, as brincadeiras no futuro, o companheirismo, serão fundamentais. Espero que a relação deles se aprofunde. É muito importante”, relata Adilson.

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